sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Vida Quotidiana e a Espiritualidade



Hoje senti um forte ímpeto para escrever...

Tenho reflectido muito sobre a espiritualidade e a vida quotidiana.
Achei durante anos que estas duas dimensões não eram compatíveis entre si. Ou seja, para se ser bom profissional, boa mãe, boa amiga, para se concretizar todas as tarefas do dia-a-dia não havia tempo para ser espiritual.
Para desempenhar tudo o que a sociedade me exige não deixa tempo para me dedicar a ser espiritual...

Andamos uma vida inteira à procura da FELICIDADE. Que conceito tão utópico ou vago... 

Uns pensam: Isso não existe!
Outros falam: Onde está que eu ainda não encontrei.
Outros apontam: É algo que só acontece aos outros...
Outros reclamam: Também tenho esse direito!

Reflecti sobre tudo isto e acabei visualizando uma balança. Uma balança em que o meu Eu é a balança toda, um prato é a minha vida quotidiana, o meio exterior e os meus relacionamentos e o outro prato é a minha essência, emoção, pensamento, energia, a minha vibração.

Passamos a vida a tentar inconsciente ou conscientemente balançar os 2 pratos desta balança em tudo o que fazemos, em todas as situações ou desafios.
Mas isso acaba sempre por se tornar uma tarefa deveras desgastante no nosso íntimo e não entendemos porquê.
Porque a vida é vivida de forma a que carregamos os 2 pratos da balança de forma distinta e separada como se não pertencessem a mesma origem.

"Se me dedico inteiramente ao trabalho, tenho dinheiro, cumpro objectivos, mas falta algo..."
"Se me dedico ao cultivo da minha vida espiritual, sinto-me plena e em paz por momentos, mas falta algo..."
"Se me dedico a mim, à minha saúde, aos meus relacionamentos, à minha família, falta algo..."

O que falta? Onde procuramos o que falta? Por norma as pessoas procuram nos locais errados... no exterior, na aquisição de coisas, em relacionamentos muitas vezes impulsivos ou obcessivos, em guros e muitos exemplos eu poderia continuar aqui a apontar...

Estarmos no plano terreno implica por si só uma coisa: Missão na Terra.
Nascemos com um plano traçado previamente onde poderemos vir a ser as mais variadas personagens, desde o vilão ao quase santo. Teremos tarefas, desafios, questões a cada minuto, onde teremos que executar, ultrapassar ou solucionar. Neste cenário encontraremos uma série infindável de outras personagens que se cruzarão na nossa vida, cada uma com o seu plano, mas que naquele espaço temporal poderá interferir na nossa actuação. Pessoas que amamos, que nos serão indiferentes ou que não gostaremos tanto.

Mas a Missão na Terra impele-nos que continuemos na execução do nosso plano individual. Onde continuamos a nossa incursão e sempre com o objectivo de atingirmos a realização pessoal e a FELICIDADE.
Vejo o nosso quotidiano como uma realidade que nos bombardeia externamente com informação excessiva e valores que muitas vezes não são coerentes com o nosso propósito. A ambição, o stress, a competição, os valores, o medo incutem nos seres humanos, enquanto indivíduos inseridos numa sociedade, mecanização de muitas acções e estados de espírito que desíquilibram a nossa balança interna:

"Levantar cedo, a criança a chorar, o marido a reclamar, o trânsito, a greve dos transportes, o trabalho para fazer, chefe a exigir, contas para pagar, medo do desemprego, medo do abandono, preciso de um telemóvel assim, quero uma televisão X, estou cansada, quero férias, vou deitar tarde, amanhã vai ser um dia pior, não gosto de viver..."

"Vou-me isolar, vou dedicar-me à meditação, vou estudar e aplicar-me porque só quero viver na Luz e na Paz, não me quero misturar no resto da sociedade porque vou baixar a vibração, só vivo na Luz, só cultivo sentimentos e pensamentos de Amor e Positividade, só quero Amor em mim, vou rejeitar este mundo porque só quero ascender..."

Talvez aqui descreva dois exemplos muito extremos, mas eles existem.
A Missão na Terra é estarmos entre seres humanos, numa sociedade por nós construída. Executarmos os nossos papéis a que nos propusemos, mas ao mesmo tempo cultivarmos uma espiritualidade em nós.

Não gosto da minha sociedade, do mundo onde vivo. Aponto o dedo!
Apontar o dedo não é solução porque para vermos mudanças no exterior que nos envolve e nos entristece. Que não nos completa e nos faz desperdiçar tempo e energia é necessário virarmos a nossa bússula para dentro de nós.

O nosso exterior é o reflexo de nós mesmos enquanto essência.
Não sou feliz no contexto em que vivo. O que se passa dentro de mim?

A espiritualidade não é rejeitar o mundo em que vivemos para estarmos apenas virados para a Luz.
A espiritualidade é uma sabedoria que se cultiva e encontra quando nos viramos para a busca da nossa essência, do nosso bem-estar, entendimento e FELICIDADE.
Este prato não é distinto do outro prato da nossa balança. O prato da espiritualidade e essência dá-nos o entendimento e a visão de todos os passos e decisões que escolhemos enquanto seres humanos neste plano (o outro prato da balança).

Cumprir Missão na Terra não é meramente desempenhar o papel de uma personagem. É a cada momento das nossas escolhas e rumos trazer dentro de nós o entendimento, a paz e a verdade interior.
Só assim conseguiremos equilibrar os 2 pratos da balança EU.

Quem sou para estar a falar sobre tudo isto?
Não sou nenhum guro, nem nenhum ser perfeito e dono da razão.
Sou meramente um Ser Humano como todos vós que decidiu partilhar um ponto de vista.

Ser Humano e espiritual passa por gostar de viver a vida, vive-la como melhor sabe, aceitar desafios, resolver problemas, relacionar-se com os outros, mas também errar, entender e aprender com o erro, pedir o perdão, amar-se a si mesmo e ao próximo, mas procurar o entendimento interno e pessoal em tudo.
Porque o maior encanto da Missão na Terra é a essência Escola. Enquanto alunos erramos e aprendemos com isso, mas também aprendemos com os ensinamentos que lemos e nos transmitem. 
Só assim se consegue atingir a FELICIDADE e o bem-estar.

FELICIDADE não é um estado permanente, é um estado que cada um atinge no seu quotidiano, em momentos em que a sua balança EU se equilibrou.

O grande desafio que vos apresento hoje 11.11.11 é que se olhem como uma balança e que procurem viver todos os momentos das vossas vidas sendo o melhor de vocês mesmos, enquanto seres humanos. Assim desempenharão a vossa personagem, não descurando o aprendizado da Terra e vivendo na Luz e na Verdade.
Mas sobretudo poderemos implementar pequenas mudanças à nossa volta que, a médio/longo prazo, poderão trazer grandes transformações na nossa sociedade.

A espiritualidade não é mais do que investirmos em tudo o que fazemos, o que de melhor temos dentro de nós, na sociedade em que vivemos através do cultivo do Discernimento, Compreensão, Perdão e do Amor Incondicional. É uma caminhada, um aprendizado paralelo e interligado à nossa Missão.

Comecemos hoje a nossa caminhada como Seres Humanos e Espirituais.

Abraço de Luz

Aninhas    


      


 

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