É bom que aceitemos, desde já, que a vida não traz manual de instruções nem fórmulas rápidas e fáceis para se alcançar os sonhos. É importante realizar, interiormente, que teremos de percorrer o nosso caminho e enfrentar as dificuldades que surgirem como qualquer outro ser humano, e que não será pelo facto de orarmos, meditarmos ou sermos reikianos que estaremos imunes e protegidos das coisas 'más' da vida, e que conseguiremos realizar os nossos sonhos numa semana, sem obstáculos, vivendo felizes para sempre, tal e qual um conto de fadas. Contudo, não há outro caminho na vida que não seja o de seguir o nosso proprósito e cumprir os nossos sonhos. Enquanto não encetarmos, nada na nossa vida nos dará prazer ou realização. É sem dúvida, o sonho que comanda a vida, parafraseando António Gedeão.
Como individuações de Deus, o nosso propósito é o Seu propósito. Como seres encarnados, cumprindo as leis Leis Universais, os nossos sonhos estão ligados à nossa missão de vida e, consequentemente, a esse propósito.
Todos nascemos perfeitos, mesmo que aos nossos olhos humanos assim não pareça, e todos, ao longo do nosso crescimento, vamos cumprindo um processo de dor e de afastamento da 'perfeição'. Desligados da Fonte da Vida, confrontados com um mundo ameaçador, criamos uma máscara que nos permitirá - assim o esperamos - não sermos rejeitados por esse mesmo mundo. E vivemos, oscilando entre essa máscara e as nossas emoções mais inferiores (raiva, ciúme, medo, ...), buscando avidamente um sentido para nossa vida e uma sensação de bem-estar e paz, que embora apenas toquemos, fugazmente, sabemos interiormente existir. Até um dia já não ser possível desempenhar o papel que nos atribuímos. É então que as grandes questões filosóficas voltam a aparecer na nossa mente e que a nossa prioridade passa a ser encontrar um sentido para a nossa vida. Procuramos em todo o lado, mas as respostas não são satisfatórias. Porquê?
Por esta altura, já muitos de nós sabem que há mais qualquer coisa, que há algo que nos devia preencher e que não nos preenche, que há algo que devíamos fazer e ainda não estamos a fazer, que há algum sítio onde devíamos estar e onde ainda não estamos... Há uma sede em nós que não foi ainda satisfeita. Imbuídos de imagens culturais sempre ligadas à obtenção de resultados, ou à aquisição de bens, ou de um estilo de vida ou de um status, caímos, vezes sem conta, nas mesmas armadilhas.
Num nível muito mais profundo, numa das dimensões criativas do nosso ser, sabemos que estamos aqui para nos expressarmos como somos, para ser quem somos. Nesse nível, este saber é a estrela que nos guiará através do nosso percurso espiritual; um percurso que demorará uma vida inteira, se for preciso, porque o principal é a viagem, e não o destino. O caminho é um processo constante e contínuo, e não uma aquisição rápida de algo exterior a nós.
Sabemos que nascemos com uma missão, e essa missão individual consiste em remover os bloqueios que fomos criando ao longo da vida entre a nossa consciência e o nosso ser interior; essa missão consiste na nossa cura, e pode ser feita estejamos nós a fazer o que estivermos a fazer. À medida que o formos conseguindo, vamos abrindo caminho para as nossas energias criativas e para a Centelha Divina que nos habita. E, quando começamos a receber os primeiros fluxos dessa energia, despertaremos então os nossos dons únicos e especiais, que partilharemos com o mundo, cumprindo assim o propósito maior. E não antes disso. É um processo de Cura individual a que todos temos de nos submeter, quer estejamos doentes ou não. Na verdade, muitos de nós estão doentes, porque estão desligados de Quem São, porque têm intenções confusas ou opostas acerca de Quem São e do que realmente anseam.
O Reiki é um caminho: não é o melhor, não é o único, é apenas um caminho. Cada um de nós escolherá o caminho que se adequa mais à sua frequência vibratória, à sua essência e à sua missão pessoal. Seja ele qual for, tem de ressoar connosco. No caso do reiki, a energia de amor e de vida que por nós flui, seja durante uma sessão, seja durante uma auto-cura, é um potente auxiliar na remoção dos bloqueios anteriormente abordados. A sua energia amorosa irá ajudar-nos a curar todas as áreas da nossa vida que não funcionam ou que estão desiquilibradas, ao nosso ritmo, de acordo com as nossas nossas necessidades, sem nunca nos forçar, com paciência e com tempo. Não é instantâneo- e daí, até poderá ser - mas é profundamente respeitador de quem somos e do que precisamos. Com a prática, a nossa forma de estar na vida muda, altera, e o mundo à nossa volta também se altera. E assim, iniciado o processo de cura, mantido o compromisso com esse mesmo processo, poderemos ver mais claramente quem somos. Começaremos a sentir, no nosso coração, o anseio pela Luz e pela Harmonia. O nossos dons passam a orientar-nos e a colocar-nos no sítio certo, à hora certa.
Teremos dúvidas, sim. Teremos medo, sim. Como se disse atrás, o Caminho Espiritual não é uma vivência dentro de uma redoma protectora. No entanto, também teremos outros objectivos e as nossas prioridades serão outras. E é aí que reside a nossa força para enfrentar a adversidade.
Texto retirado Revista Zen - Edição de Janeiro 2011
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