Trazer a cura aos relacionamentos familiares pode ser um dos aspectos mais difíceis do processo de cura espiritual. A razão para isto é que escolhemos encarnar dentro de nossas famílias específicas com o propósito de cura e de crescimento, o que muitas vezes desafia profundamente a essência do nosso Ser. Para muitos de nós pode parecer como se a cura fosse exactamente o oposto do que estamos a receber com as nossas famílias, enquanto suportamos as dificuldades e limitações dos nossos relacionamentos com os nossos pais e irmãos.
Antes de encarnarmos, escolhemos as famílias que possam trazer à superfície questões e temas específicos que a nossa alma deseja explorar, aprender e curar. Geralmente estas questões são desafiadoras e trazem à superfície desconforto que preferiríamos evitar, ao invés de enfrentarmos. Algumas pessoas interagem com este desconforto, colocando a culpa nos seus pais ou na situação em que nasceram, o que proporciona uma saída temporária para a dor emocional que elas experienciam, mas que principalmente, impede o livre fluxo do amor, da luz e da cura no coração.
À medida que crescemos pessoal e espiritualmente, chega um momento em que somos chamados a libertarmo-nos da dor emocional que carregamos desde a nossa infância. Há etapas neste processo, que podem exigir um tempo mais curto ou mais longo, ou que podem envolver muitas existências de aprendizagem.
O primeiro passo a darmos é tornarmo-nos conscientes da dor que estamos a carregar. Se reprimirmos estes sentimentos, eles emergirão quando estivermos preparados para enfrentá-los. Algumas vezes um acontecimento, como uma doença ou uma perda pode esclarecer os sentimentos que enterramos ou nos esquecemos. Uma vez que nos tornamos conscientes da dor e nos permitimos simplesmente senti-la, a cura pode começar. Estar com a dor e trazê-la diante de Deus é uma parte essencial do processo. Deste modo não estamos sozinhos, pois o Criador Divino, Tudo vê, ouve e sente connosco. Isto pode ser feito com oração, com a intenção, a meditação, a expressão criativa ou qualquer forma que ressoe.
Uma vez que nos tornemos mais conscientes da dor que carregamos, o próximo passo envolve a disposição de deixar ir a nossa dor. Embora aparentemente possa parecer estranho querer apegar-se à dor, há muitas emoções profundas que podem enraizar-se dentro de nós, e envolverem-se no nosso senso de identidade. Nós apegamo-nos inconscientemente à dor, porque ela é tudo o que já conhecemos. Por exemplo, se estivermos mantendo a raiva, a mágoa ou a traição, somos solicitados a perdoar e a seguir em frente. Se formos a vítima do abuso ou da negligência, somos solicitados a deixar ir a nossa raiva e o nosso direito de estarmos com raiva. Esta parte do processo não pode ser apressada, por isto é tão importante estarmos dispostos a sentir primeiramente as nossas emoções em pleno. Uma vez que isto aconteça, o próximo passo da cura desenrola-se naturalmente.
Uma vez que tenhamos percorrido estes passos e tornarmo-nos conscientes, sentindo a nossa dor e estarmos dispostos a deixa-la ir, então estamos totalmente disponíveis a receber uma cura profunda e completa. Enquanto nos esvaziamos voluntariamente destas coisas as quais estivemos apegados, mais do amor e da luz de Deus pode entrar em nosso coração, mente e corpo. Os caminhos da vida começam a abrir-se e a revelar novas direcções, novas possibilidades e novas escolhas. Nossos corações começam a abrir-se e o amor floresce, o perdão torna-se um modo de ser, e a consciência espiritual desperta dentro de nós. Estas são as dádivas que vêm através da cura dos relacionamentos familiares, um coração cheio de amor e de confiança, não sobrecarregado pela dor do passado.
Mashubi Rochell é conselheira espiritual e a fundadora do World Blessings, uma comunidade on line de apoio espiritual que oferece a orientação e a cura espiritual a pessoas de todos os credos.
Tradução: Regina Drumond – reginamadrumond@yahoo.com.br
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